Não é fácil nos dias de hoje, atingir um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Enquanto a nossa ligação ao mundo aumenta a cada dia, através da tecnologia e redes sociais, torna-se cada vez mais difícil separar aquilo que é a nossa vida pessoal da vida profissional. Tornou-se comum ver os emails do trabalho a toda a hora, receber chamadas relacionadas com o trabalho à hora do jantar ou pegar nos computadores portáteis ao fim-de-semana para “ir adiantando trabalho”.
Encontrar este equilíbrio é um desafio difícil, especialmente quando os empregadores são inflexíveis, quando existe uma sobrecarga de trabalho (doméstico ou profissional), quando é necessário ter dois empregos ou trabalhar mais horas para garantir a segurança económica, mas o desequilíbrio entre estas duas esferas da vida adulta é um risco psicossocial e prejudicial para todos – cidadãos e suas famílias, organizações e sociedade. Encontrar este equilíbrio entre vida pessoal e profissional, contribuirá para a diminuição do stresse, para uma melhor saúde física e mental, e terá um impacto positivo nas relações parentais e conjugais, bem como no absentismo, produtividade e na relação e satisfação com o trabalho.
O que pode fazer para melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional
Segundo uma publicação recente da Ordem dos Psicólogos Portugueses (O.P.P.), o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional não significa (necessariamente) compartimentalizar, de forma estanque, a vida pessoal e profissional, de modo a que não coexistam. O desafio é encontrar esse equilíbrio, pessoal e próprio, que permita a integração adaptativa e funcional, para cada pessoa, entre ambas as dimensões da sua vida. O desafio é criar sinergias entre estas dimensões, que permitam às experiências da vida pessoal enriquecer e desempenhar uma influência positiva nas experiências da vida profissional e vice-versa.
Deixamos então de seguida, uma lista de 15 recomendações elaboradas pela O.P.P. para conseguir atingir o equilíbrio entre a vida pessoal e vida profissional.
- 1. Assumir responsabilidade pelo nosso equilíbrio pessoal/familiar e profissional (quer o nosso local de trabalho tenha ou não políticas de apoio à conciliação).
- 2. Comunicar as nossas necessidades, pessoais e profissionais, ao empregador e negociar, formal ou informalmente, alguns aspectos. Por exemplo, os factores laborais que nos provocam stresse (ex. prazos irrealistas) ou que, pelo contrário, nos fazem sentir bem (ex. um espaço de trabalho tranquilo); a carga de trabalho ou a forma como está organizado; a possibilidade de um horário flexível ou condensado (por exemplo, que evite as horas de maior trânsito ou permita sair mais cedo para cuidar da família).
- 3. Utilizar, de forma responsável, as opções e benefícios disponíveis no nosso Local de Trabalho para realizarmos, de forma produtiva, o nosso trabalho. Procurar conhecer as estruturas, serviços de apoio e benefícios que existem no nosso local de trabalho.
- 4. Investir no desenvolvimento de boas relações com os colegas, criando uma rede de apoio no dia-a-dia de trabalho. Simultaneamente, cultivar interesses e relações fora do local de trabalho.
- 5. Falar, com pessoas em quem confiemos, dentro e fora do Local de Trabalho, sobre aquilo que nos preocupa e nos faz sentir stressados, sobre as dificuldades que sentimos em gerir as exigências da vida pessoal/familiar e profissional e também sobre os nossos sucessos e superações.
- 6. Sair do local ou espaço de trabalho durante a pausa para almoço e colocar um alarme para nos lembrar de fazer intervalos regulares durante o dia.
- 7. Quando em regime de teletrabalho, pode ser importante criar uma rotina que facilite a transição psicológica do contexto casa-trabalho para casa-família (e vice-versa). Por exemplo, em vez da habitual deslocação até ao local de trabalho, crie uma rotina diferente (dar um pequeno passeio a pé ou beber um café à janela).
- 8. Fazer uma lista de todas as nossas tarefas (pessoais e profissionais) – leva apenas uns minutos e pode ajudar-nos a priorizar as mais importantes e a colocarmos a nossa sensação de sobrecarga em perspectiva, depois de estimarmos quanto tempo necessitamos para cada uma. Garantir que essa lista inclui actividades que nos dêem prazer e/ou proporcionem descansar/recuperar.
- 9. Planear o dia de trabalho e momentos de tempo pessoal para nós próprios (ver um filme com a família, fazer uma caminhada, realizar uma videochamada com um amigo). Comprometa-se com a harmonia entre a vida pessoal e profissional.
- 10. Ser assertivo – dizer “não” quando não conseguimos gerir mais tarefas (pessoais ou profissionais) ou quando percepcionamos os pedidos que nos fazem como sendo irrazoáveis.
- 11. Ser realista – não precisamos nem podemos fazer tudo “perfeito”, “sempre”. É importante priorizarmos o que é realmente importante para nós.
- 12. Estabelecer limites para o uso das tecnologias de comunicação. Frequentemente, a massificação do uso profissional das novas tecnologias e o fácil acesso a instrumentos de trabalho como o telemóvel ou e-mail, em qualquer lugar, dificultam a separação entre as dimensões pessoal e profissional, da mesma forma que nos impedem de fruir sem interferências momentos pessoais e familiares. É importante permitirmo-nos “desligar” em determinados momentos, de forma a aumentar o nosso envolvimento em actividades pessoais (e profissionais).
- 13. Cuidar de nós próprios. Quando a vida pessoal/familiar e a vida profissional se sobrepõem e “atropelam”, investir em nós e no nosso bem-estar é mais importante do que nunca. Se não cuidarmos de nós próprios teremos mais dificuldade em cuidar da nossa família e em fazer um bom trabalho. A forma como investimos em nós próprios é diferente para cada um. No entanto, em termos gerais, existem quatro pilares a considerar: a Saúde Física, a Saúde Psicológica, as relações sociais e o significado ou propósito que atribuímos à nossa vida. Esteja atento aos sinais de que alguma coisa não está bem.
- 14. Não esquecer as coisas básicas. Em momentos de crise e incerteza é fácil que algumas coisas “básicas” fiquem prejudicadas. É importante garantir que dormimos um número de horas adequado e que fazemos pausas ao longo do dia que nos permitem relaxar; que fazemos refeições saudáveis; que realizamos alguma actividade física.
- 15. Pedir ajuda. Se o equilíbrio das dimensões pessoal e profissional representa uma dificuldade de difícil resolução ou sentimos que o nosso desempenho nas tarefas pessoais e profissionais está comprometido, um Psicólogo pode ajudar.
O equilíbrio entre a vida pessoal e profissional é essencial. E nunca foi tão importante quanto agora. Pelo menos 1 em cada 3 pessoas trabalha mais do que 40 horas semanais e quase metade considera insuficiente o tempo que têm disponível para se dedicar a si mesmos, à família e amigos e realizar actividades de lazer.
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