Sobre a Guerra e Sobre a Impotência

sobre a guerra

Hoje partilhamos uma reflexão da Dra. Susana Robin, sobre o impacto que o contexto actual de Guerra e Pandemia tem sobre nós e o que podemos fazer acerca disso.

Nos últimos tempos tenho ouvido muitos pacientes expressarem um grande sentimento de impotência que se traduz numa sensação de falta de controlo, revolta, raiva e tristeza.  Eu própria sinto essa impotência, diria que é quase impossível não o sentir perante o contexto de Guerra a que assistimos.

Sentimo-nos mais ansiosos e somos confrontados com uma insegurança global, o medo está todos os dias à nossa frente, na televisão, nas redes sociais, nas conversas que ouvimos e até nos sonhos que temos. E o que podemos fazer? Estamos fragilizados após dois anos de pandemia, esperávamos respirar de alívio profundo nos próximos tempos, falava-se na chegada de tempos loucos, festivos, de grande liberdade em oposição ao sufoco que sentimos perante restrições constantes.

O alívio não chegou, ou se chegou, soube a pouco. O que podemos fazer? Questionamos constantemente quase de forma retórica. Diria que a nossa primeira resposta é ‘Nada!’, não podemos fazer nada que resolva a situação, mas se pensarmos em fazer qualquer coisa que não resolva a situação, mas que possa ajudar os outros e a nós mesmos podemos já encontrar outras respostas, há ‘coisas’ a fazer. Vejo alguns caminhos possíveis e vou falar-vos de dois que me parecem acessíveis e significativos.

O primeiro passa por uma pesquisa que acabei de fazer – ‘ como apoiar a Ucrânia’ – e em poucos minutos encontramos várias associações em várias partes do país que permitem que possamos ajudar de várias formas, voluntariado para organizar a angariação de bens, acolhimento, oferecer serviços legais, de saúde e educação, ou também fazer doações. Envolvermo-nos em qualquer uma destas acções pode atenuar a nossa sensação de impotência e ajudar-nos a encontrar um sentido de utilidade e produtividade.

Quanto ao segundo caminho, que vem em segundo, mas não é menos importante, este passa por estarmos ligados, cada vez mais ligados aos nossos.  Cuidar de quem está perto, deixarmo-nos também ser cuidados, importarmo-nos com alguém que está mesmo ao lado, comunicar, partilhar, estar, estar e estar, telefonar, escrever, combinar um encontro, viver e viver mais a ligação para além de saber só que a ligação existe.

A Guerra e a Pandemia puseram-nos em contacto direto com a fragilidade da nossa existência, vivemos muitas vezes com a ideia de que ‘há coisas que não nos acontecem a nós’ e essa ideia ajuda-nos a viver mais leves e sãos, no entanto, como em tudo, também a ideia contrária, de que ‘também nos pode acontecer’ pode fazer com que vejamos outras perspetivas, pode fazer com que mudemos o foco e que olhemos mais para o aqui e o agora e que o valorizemos com mais intensidade e vontade.

Fazer o possível Hoje e Agora ajuda-nos a atenuar a nossa Impotência, ligarmo-nos aqui e agora dilui a nossa insegurança. São apenas dois caminhos, mas a partir daqui poderão surgir muitos mais.

Marque Hoje a Sua Primeira Consulta de Psicologia Online

Login

Logout